WorldSkills: conheça a competição que transforma estudantes em profissionais do futuro
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O ensino técnico tem ganhado cada vez mais espaço entre os jovens no Brasil. Em 2024, alcançamos a marca de 2,6 milhões de matrículas na educação profissional, um crescimento de 33,1% em relação a 2020, segundo dados do Censo Escolar 2024 divulgados pelo MEC.
O maior crescimento foi no ensino técnico integrado à modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), com um salto de 53,6% em relação a 2023. Mais da metade dos matriculados na educação profissional tem menos de 20 anos, e as mulheres são maioria.
Em meio a essa crescente valorização da educação profissional, eventos como a WorldSkills Brasil ganham destaque por promoverem experiências reais de aprendizado e apoiar a inserção de jovens no mundo do trabalho.
O que é a WorldSkills Brasil?
A WorldSkills Brasil é a etapa nacional da maior competição de educação profissional do mundo, a WorldSkills. Realizada a cada dois anos, ela reúne jovens de mais de 80 países e desafia os participantes a colocarem em prática o que aprenderam em seus cursos profissionalizantes.
No Brasil, a competição é promovida e organizada pelo SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), responsável por selecionar os estudantes que irão representar o país na fase internacional.

Desde sua criação, em 1983, quando ainda era chamada de Torneio de Formação Profissional, a iniciativa evoluiu até se consolidar como uma das principais vitrines do ensino técnico brasileiro.
A partir de 2015, passou a ser oficialmente chamada de WorldSkills Brasil, mantendo seu propósito de valorizar a formação técnica, promover a troca de experiências e impulsionar a inovação dentro das salas de aula e oficinas.
Ensino técnico na prática: como funciona a competição?
A WorldSkills acontece em diferentes etapas: estadual, nacional e internacional.
Etapa Estadual
Tudo começa nas seletivas estaduais, onde estudantes de diversas instituições de educação profissional e tecnológica são selecionados para representar seus estados. Cada rede de ensino define seus próprios critérios de seleção, com base no desempenho dos alunos nas áreas ocupacionais em que atuam.
Etapa Nacional: WorldSkills Brasil
Na fase nacional, os melhores estudantes de todo o país se encontram para competir, trocar experiências e representar a diversidade técnica e cultural do Brasil. Essa etapa é organizada pelo SENAI, representante brasileiro oficial dentro da organização mundial.
Etapa Internacional: WorldSkills
Quem vence a etapa nacional avança para a edição internacional da WorldSkills, onde representa o Brasil em uma disputa ao lado de jovens de 89 países, em 59 ocupações diferentes. A competição testa, em condições rigorosas, o domínio técnico e a capacidade de adaptação dos participantes.
A 48ª edição será realizada em Xangai, na China, em setembro de 2026.

Desenvolvendo habilidades técnicas e socioemocionais
Na WorldSkills Brasil, os participantes têm até 24 anos e enfrentam desafios práticos que simulam situações reais do mercado de trabalho. As provas duram cerca de 18 horas e avaliam, não apenas o conhecimento técnico, mas competências socioemocionais como:
- Resolução de problemas
- Gestão do tempo
- Resiliência
- Capacidade de adaptação
- Trabalho sob pressão
São mais de 50 ocupações envolvidas, desde mecânica, panificação e manutenção de aeronaves até tecnologia da informação, moda e hotelaria. Durante todo o processo, os estudantes contam com a orientação de docentes e especialistas para garantir a qualidade e a equidade das avaliações.
Segundo Jeferson Mateucci, especialista de Desenvolvimento Industrial do SENAI e membro da delegação técnica do WorldSkills, “a pressão e o ritmo intenso da prova simulam o que acontece na indústria, exigindo dos jovens um desempenho de excelência”.

Desafios da preparação e o papel da tutoria
A caminhada até a etapa internacional exige foco e dedicação. São mais de 1.400 horas de treinamento intensivo, com preparação técnica e emocional.
É como um piloto de Fórmula 1 que treina a semana inteira para ganhar milésimos de segundo na corrida. Esse nível de preparo eleva o padrão do ensino técnico como um todo
Jeferson Mateucci
Para manter a motivação dos jovens, o SENAI aposta em estratégias como rodízio de professores, simulações realistas e intercâmbios com outros países.
“Cada segundo ganho na execução das tarefas é uma conquista. Mas é preciso preparo emocional para lidar com imprevistos e ambientes desconhecidos como a primeira viagem internacional”, completa.
Formação técnica como política pública
A WorldSkills mostra, na prática, o impacto positivo da formação técnica na empregabilidade dos jovens.
Hoje, 85,6% dos ex-alunos do SENAI estão empregados - o maior índice em 22 anos - e 75% deles com carteira assinada. Além disso, quem se forma e atua na área ganha, em média, 27,6% maior. Os dados são da Pesquisa de Acompanhamento de Egressos do SENAI (Painel 2022-2024).
Precisamos de mais políticas públicas que valorizem a educação técnica. Ela é a ponte entre o ensino médio e a formação superior, e pode ser decisiva para o futuro profissional dos jovens
Jeferson Mateucci
Brasil: celeiro de talentos
A maior competição de educação profissional do mundo não é apenas um torneio, é uma vitrine de talentos e uma ponte entre o aprendizado na escola e as demandas do mercado.

Muitos jovens que se destacam na WorldSkills recebem propostas de emprego não só no Brasil, mas em outros países.
“Nós temos exportado ex-competidores e treinadores. Nos Emirados Árabes, por exemplo, há uma comunidade de brasileiros formada por egressos da WorldSkills”, conta Jeferson com orgulho.
Se você busca notícias sobre ensino técnico ou quer se inspirar com histórias reais de transformação pela educação profissional, vale acompanhar de perto a jornada dos jovens brasileiros na WorldSkills.