Programa Recriar tem etapa de aceleração concluída
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Recriar: vai começar a etapa de mentorias
Na última terça-feira, 7/2, aconteceu o encerramento da etapa de aceleração do programa Recriar. Para a composição desta fase, foi realizada uma seleção de empreendedores e empreendedoras que participaram do momento de formação: após o recebimento de 503 inscrições, foram selecionados 35 projetos para o catálogo de economia criativa. Deles, 20 negócios para aceleração e, agora, 10 projetos continuam para a fase de mentorias individuais. Todos os negócios estão relacionados à economia criativa.
O programa Recriar é destinado a qualificação técnica para o desenvolvimento de habilidades empreendedoras e inovação, mentorias e aceleração de negócios, com foco na economia criativa das periferias da cidade de São Paulo. Trata-se de uma iniciativa da Organização dos Estados Ibero-americanos para educação, ciência e cultura (OEI), da Agência São Paulo de Desenvolvimento (AdeSampa) e da Fundação Roberto Marinho, em parceria com a co.liga e a Fábrica de Negócios.
Para Sandra Sergio, coordenadora de projetos especiais da OEI, programas como o Recriar são importantes para fomentar a economia criativa: "É um dos setores que mais crescem. Com isso, criamos oportunidades para ideias que partem da criatividade dos jovens". Sandra destaca ainda o aspecto formador que o programa tem: "Temos, hoje, mais de 50 milhões de jovens no país. Investir nessa população é investir no conhecimento, na riqueza educacional, no desenvolvimento do país".
O papel da OEI neste processo é juntar parceiros para conseguirmos um alcance maior para o universo da economia criativa.
Histórias sendo escritas
Isabelle Zacarias (@izartez) transforma fotos e recordações em desenhos personalizados. Para a jovem empreendedora, o início era apenas um hobby, com o desejo de que poderia vir a ganhar dinheiro no futuro:
"Fui construindo aos pouquinhos, até que entrei na Fábrica de Negócios. Com isso, o Recriar me ajudou a organizar as finanças, pensar a divulgação do trabalho e a focar no que eu realmente precisava".
Kelly Cristiane (@aye.mimo_), artesã funcional e sustentável de decoração de interiores, conta como seu trabalho evoluiu desde que passou participar do Programa: "Antes de entrar no Recriar, eu tentava comercializar muito informalmente os meus produtos, subvalorizando significativamente o que eu fazia. Foi a partir do processo de capacitação e da qualificação do serviço que eu prestava, por meio do Recriar, que pude chegar ao que hoje entendo como o valor justo do que faço".
Hoje, meus clientes pagam mais pelo que faço por entenderem melhor a qualidade do produto e concordarem - não perdi um cliente sequer.
Para Bruna Camargos, líder de projetos na FRM, "o Recriar conecta reconhecimento e valorização de iniciativas já existentes nos territórios a um ecossistema de oportunidades. Tudo isso por meio da educação e da ação em rede, com foco na inclusão produtiva".
O papel da co.liga, a escola de economia criativa da Fundação Roberto Marinho, concebida em parceria com a OEI, também é destacado por Bruna no fluxo de ações do Recriar: "O modelo de alianças e parcerias desenvolvido neste projeto traz o DNA da co.liga. Nossa perspectiva é que ações como esta possam ser multiplicadas, com um olhar para o empreendedorismo de impacto nos territórios, desenvolvimento econômico e social, valorizando a diversidade cultural, a criativa e as necessidades de cada localidade, de cada empreendedor".
O objetivo é gerar oportunidades de ampliação de conhecimento e mais oportunidades para novos negócios.
Conversamos ainda com Ary Scapin, gerente de projetos na área de Capacitação e Aceleração da AdeSampa, sobre a etapa de aceleração que acaba de ser concluída.
FRM: O que o processo de seleção dos empreendedores e das empreendedoras revela sobre o cenário atual da economia criativa?
Ary Scapin: Fizemos um recorte muito específico: atendimento a empreendedores e potenciais empreendedores localizados na periferia da cidade de São Paulo. Ou seja, o foco foi em áreas de maior vulnerabilidade social da capital paulista. Se essa característica não nos permite falar do cenário atual da economia criativa, dá-nos uma ideia de que este cenário específico da periferia paulistana está, sim, passando por um processo de reconstrução. O que quero dizer: o passado recente foi de pouco apoio às questões culturais, além do período mais agudo de pandemia, que sufocou profissionais da área de cultura com a falta de público e espaços de comercialização de seus produtos e serviços.
Posto isso, analisando as inscrições, entendemos este cenário como um setor carente de informações, necessitando de capacitações e aquisição de conhecimento focadas em gestão de negócios, a fim de gerar empresas mais sólidas e mais competitivas. Trata-se de um momento de reencontro dos profissionais de economia criativa com as políticas publicas de desenvolvimento socioeconômico.
FRM: Como foi a fase de aceleração e o que esperar do momento das mentorias?
Ary Scapin: Foi muito produtiva, considerando o salto qualitativo dos empreendedores e das empreendedoras na utilização do conhecimento adquirido durante o processo. Foram realizadas diversas oficinas com temas pertinentes às questões de gestão de negócios, bem como a realização de mentorias individuas, que clareavam os caminhos para a aplicabilidade do conteúdo adquirido.
Esperamos, ao final deste processo, contar com empresas mais aptas às necessidades do mercado e mais competitivas, a ponto de se tornarem sustentáveis ao longo do tempo.