Mudanças climáticas é tema do Prêmio Jovem Cientista 2025
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Conheça mais sobre as linhas de pesquisa da 31ª edição do Prêmio Jovem Cientista

As inscrições para a 31ª edição do Prêmio Jovem Cientista já estão abertas. Podem participar estudantes do ensino médio, estudantes do ensino superior, além de alunos que estejam cursando ou já tenham concluído mestrado e/ou doutorado.
O prêmio tem, ainda, outras duas categorias: mérito institucional, que reconhece instituições de ensino cujo estudantes destacaram-se na premiação, e mérito científico, que premia um pesquisador de destaque na área de conhecimento tema da edição. Neste ano, o tema do Prêmio Jovem Cientista é: "Resposta às Mudanças Climáticas: Ciência, Tecnologia e Inovação como Aliadas”.
Você pode conferir mais informações sobre as categorias e requisitos para participação no edital, disponível aqui! Para participar, os estudantes devem inscrever seus projetos de pesquisa, conforme o regulamento de cada categoria, até o dia 31 de julho.
Estudantes de graduação ou pós-graduação podem desenvolver projetos em onze linhas de pesquisa. Já os estudantes do ensino médio, devem elaborar seus trabalhos científicos dialogando com, ao menos, um dos seis eixos previstos no edital.
O prêmio é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação Roberto Marinho, conta com patrocínio master da Shell e tem apoio de mídia da Editora Globo e do Canal Futura.
As mudanças climáticas
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 2024 foi o ano mais quente já registrado. A temperatura média global ficou 1,55°C acima da média do período pré-industrial (1850-1900). Pela primeira vez, a temperatura média global ultrapassou o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, em 2015.
O Brasil registrou durante o ano passado dez eventos climáticos extremos, incluindo chuvas intensas, ondas de calor, secas e ciclones. O relatório “Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2024”, publicado este ano pela OMM, destacou as chuvas recordes no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, que afetaram mais de 2,3 milhões de pessoas, além da histórica seca na Amazônia, que persistiu até setembro e impactou cerca de 750 mil pessoas.

O documento aponta que os efeitos das mudanças climáticas se sobrepõem às vulnerabilidades já existentes, agravando desigualdades sociais. Regiões com menor infraestrutura são as mais prejudicadas pela intensificação dos eventos extremos, enquanto comunidades e famílias de baixa renda enfrentam maiores dificuldades para lidar com os impactos e se recuperar após os desastres.
De acordo com o VI relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2023, entre 2010 e 2020, o número de mortes por inundações, secas e tempestades foi 15 vezes maior em países vulneráveis (com menos infraestrutura), em comparação a países com vulnerabilidade muito baixa (com mais infraestrutura).
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Os impactos das alterações do clima
Para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) — que reúne cientistas de diversos países e é considerado a maior autoridade global sobre o tema — os impactos das mudanças climáticas sobre as populações e os ecossistemas são mais amplos e severos do que se estimava anteriormente.
O VI relatório caracteriza a crise climática como uma crise humanitária, dado seu efeito direto sobre a oferta de água, a produção de alimentos, a propagação de doenças e o deslocamento forçado de pessoas e comunidades inteiras, seja pelo aumento do nível do mar, seja pela intensificação de eventos extremos. A transversalidade desses impactos afeta modos de vida, culturas locais e o funcionamento dos sistemas econômicos em diferentes escalas.
Para os cientistas do IPCC, podemos associar o aumento de eventos de calor extremo à mortalidade e ao adoecimento de pessoas em todo o mundo. Esses episódios também contribuíram para aumentar a ocorrência de doenças transmitidas por alimentos, pela água e por vetores (intermediários, como insetos, por exemplo). Outro destaque do documento é o impacto sobre a saúde mental, relacionado a traumas causados por eventos extremos e à perda de meios de subsistência e cultura.
“A variação do clima, as mudanças climáticas e os fenômenos meteorológicos extremos causam uma intensa insegurança alimentar na região da América Latina e Caribe”, destaca trecho do relatório da Organização Meteorológica Mundial (2025). Secas prolongadas, enchentes e temperaturas extremas vêm impactando negativamente a produtividade agrícola, ameaçando os meios de subsistência no campo e pressionando as cadeias de abastecimento alimentar. A cheia no Rio Grande do Sul, por exemplo, alagou plantações e estoques de grãos produzindo prejuízo financeiro, mas também a perda de grande quantidade e variedade de alimentos.
Além da oferta de alimentos, a disponibilidade de água também está ameaçada. Isso acontece porque o ciclo da água está diretamente ligado ao clima. Assim, mudanças que alterem o regime de chuvas podem provocar o aumento da ocorrência de eventos hidrológicos extremos, como inundações e longos períodos de seca, ameaçando o abastecimento de água. Ainda segundo relatório do IPCC, cerca de metade da população mundial atualmente sofre grave escassez de água por pelo menos parte do ano devido a uma combinação de fatores climáticos e não climáticos.
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Mitigar riscos e adaptar cidades
A resposta da sociedade à mudança do clima pode ser dividida em duas estratégias centrais: mitigação e adaptação. A mitigação envolve a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) com o objetivo de conter ou limitar o avanço das alterações climáticas. Já a adaptação busca minimizar os impactos negativos dessas mudanças e, quando possível, aproveitar oportunidades resultantes.
De acordo com a Rede Adapta Clima, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, independentemente do sucesso das ações de mitigação, a adaptação é indispensável, pois os efeitos das emissões passadas já provocaram alterações significativas no clima, com aumento contínuo da temperatura média global. Assim, enquanto a mitigação atua sobre a redução da probabilidade de eventos extremos, a adaptação reduz a vulnerabilidade e/ou a exposição de sistemas naturais e humanos aos seus efeitos.
Adaptar-se significa realizar ajustes em sistemas ecológicos e sociais diante de impactos climáticos atuais ou previstos. Essas ações podem moderar danos ou gerar benefícios. No Brasil, a Política Nacional sobre Mudança do Clima (12.187/2009) define a adaptação como um conjunto de “iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima”.
As medidas de adaptação podem abranger mudanças institucionais, inovações tecnológicas e transformações de ordem econômica, cultural, jurídica e etc. Os exemplos incluem: elaboração de avaliações de risco climático, melhorias nas práticas agrícolas em áreas sujeitas à seca, construção de barreiras contra a elevação do nível do mar, implementação de sistemas de alerta precoce, ampliação da cobertura de seguros e fortalecimento de redes de proteção social.
O desenvolvimento de soluções baseadas na natureza (SBN) é uma abordagem que tem se popularizado no debate sobre adaptação e mitigação. São iniciativas que imitam ou se inspiram em mecanismos próprios da natureza. Cidades como Belo Horizonte, Recife e Goiânia estão no processo de implementação de jardins de chuva, que funcionam como esponjas, absorvendo parte da água e reduzindo inundações. Iniciativas de restauração de encostas e agricultura urbana também são exemplos de SBN.
O relatório “Soluções baseadas na natureza para mitigação das mudanças climáticas”, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), destaca que essas estratégias são benéficas tanto para o meio ambiente quanto para as pessoas. São soluções que podem contribuir para mitigar riscos e adaptar as cidades. Normalmente, são projetadas para serem eficientes, economicamente viáveis e capazes de gerar benefícios múltiplos, como conservação da biodiversidade, melhoria da qualidade de vida e resiliência das comunidades.
Bioeconomia e economia circular
Repensar nossa relação com o consumo e desenvolver empreendimentos em harmonia com o meio ambiente são elementos fundamentais para um modelo de vida mais sustentável. A partir disso, a bioeconomia e a economia circular são abordagens estratégicas que vêm ganhando destaque nas discussões climáticas por sua capacidade de promover o desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
A bioeconomia trata de um conjunto de práticas e atividades econômicas que buscam integrar a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais, promovendo o bem-estar social e o desenvolvimento econômico das comunidades. Ao valorizar a biodiversidade e os conhecimentos tradicionais, a bioeconomia pode também gerar renda e inclusão social, especialmente para populações rurais e comunidades indígenas. Isso acontece por meio do uso sustentável de recursos biológicos renováveis — como biomassa florestal, resíduos agrícolas ou micro-organismos — para produzir alimentos, energia, materiais e produtos químicos, por exemplo.
Já a economia circular propõe a eliminação do conceito de “resíduo” por meio de cadeias produtivas mais eficientes, em que os materiais são reutilizados, reciclados ou transformados continuamente. Em oposição ao modelo linear de “extrair, produzir, descartar”, a economia circular prolonga o ciclo de vida dos produtos, reduz a pressão sobre os ecossistemas e diminui as emissões associadas à extração e produção de recursos.
Ao serem integradas, bioeconomia e economia circular formam um sistema regenerativo que alinha inovação tecnológica, conservação ambiental e crescimento econômico de baixo carbono, contribuindo diretamente para os objetivos do Acordo de Paris e para a construção de cidades resilientes.
Linhas de pesquisa do PJC 2025
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Categorias "Mestre e Doutor'' e "Estudante do Ensino Superior''
a) Resiliência e adaptação às mudanças climáticas: estratégias de adaptação em zonas vulneráveis e sistemas preditivos;
b) Cidades inteligentes e sustentáveis: planejamento urbano e adaptação às mudanças climáticas com infraestrutura resiliente e mobilidade sustentável;
c) Formação, conhecimentos e competências digitais, conectividade e diversidade;
d) Bioeconomia e economia circular no enfrentamento das mudanças climáticas;
e) Tecnologias emergentes para mitigação das mudanças climáticas: IOT, inteligência artificial, aplicações de sensoriamento remoto e análise de dados na redução das emissões de gases de efeito estufa;
f) Impactos das mudanças climáticas na saúde pública: desafios e estratégias de adaptação para promoção do bem-estar em cenários climáticos extremos;
g) Desenvolvimento de combustíveis sustentáveis e hidrogênio verde no combate às mudanças climáticas e pela redução da descarbonização;
h) Educação ambiental e digital para prevenção de desastres: engajamento comunitário e capacitação em áreas de risco;
i) Impactos das mudanças climáticas na frequência e gravidade dos incêndios florestais: análise de riscos, estratégias de mitigação e recuperação de ecossistemas;
j) Soluções de produtos sustentáveis e eficazes para combate a desastres;
k) Políticas públicas, gestão integrada e iniciativas colaborativas no enfrentamento das mudanças climáticas e para melhoria da qualidade de vida da população.
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Categoria "Estudante do Ensino Médio''
a) Soluções sustentáveis para o uso de recursos naturais na escola e na comunidade;
b) Tecnologias digitais e aplicativos para o monitoramento ambiental e climático;
c) Educação ambiental e engajamento comunitário para a prevenção de desastres;
d) Análise dos impactos das mudanças climáticas na saúde e bem-estar;
e) Desenvolvimento de produtos sustentáveis a partir de resíduos;
f) Agricultura sustentável e adaptação às mudanças climáticas.
Sobre a Fundação Roberto Marinho
A Fundação Roberto Marinho inova, há mais de 40 anos, em soluções de educação para não deixar ninguém para trás. Promove, em todas as suas iniciativas, uma cultura de educação de forma encantadora, inclusiva e, sobretudo, emancipatória, em permanente diálogo com a sociedade. Desenvolve projetos voltados para a escolaridade básica e para a solução de problemas educacionais que impactam nas avaliações nacionais, como distorção idade-série, evasão escolar e defasagem na aprendizagem. A Fundação realiza, de forma sistemática, pesquisas que revelam os cenários das juventudes brasileiras. A partir desses dados, políticas públicas podem ser criadas nos mais diversos setores, em especial, na educação. Incentivar a inclusão produtiva de jovens no mundo do trabalho também está entre as suas prioridades, assim como a valorização da diversidade e da equidade. Com o Canal Futura fomenta, em todo o país, uma agenda de comunicação e de mobilização social, com ações e produções audiovisuais que chegam ao chão da escola, a educadores, aos jovens e suas famílias, que se apropriam e utilizam seus conteúdos educacionais. Mais informações no Portal da Fundação Roberto Marinho.
Sobre o CNPq
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criado em 1951, foi o principal ator na construção, consolidação e gestão do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O CNPq é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e sua atuação se dá, principalmente, por meio do apoio financeiro a projetos científicos, selecionados por chamadas públicas lançadas periodicamente, e pela concessão de bolsas de pesquisa. Atualmente, são cerca de 90 mil bolsistas em diversas modalidades, desde a iniciação científica até o mais alto nível, as bolsas de Produtividade em Pesquisa. O CNPq também gerencia programas estratégicos para o país, como o de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), empregando recursos próprios ou oriundos de parcerias nacionais com fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs), universidades, ministérios e empresas públicas e privadas, além das parcerias internacionais. Atua na divulgação científica, com o apoio a feiras de ciências, olimpíadas, publicações e eventos científicos, em especial a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Desde sua criação, o CNPq se encarrega de uma expressiva agenda de cooperação internacional, com destaque à colaboração em programas internacionais - bilaterais, regionais e multilaterais. Por meio do apoio a projetos conjuntos, do intercâmbio de pesquisadores e da participação em organismos internacionais, o Conselho fortalece as parcerias estratégicas para o Brasil, ao encontro do que estabelece a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Sobre a Shell Brasil
Há 111 anos no país, a Shell é uma companhia de energia integrada com participação em Upstream, Gás Natural, Trading, Pesquisa & Desenvolvimento e no Desenvolvimento de Energias Renováveis, com um negócio de comercialização no mercado livre e produtos ambientais, a Shell Energy Brasil. Aqui, a distribuição de combustíveis é gerenciada pela joint-venture Raízen. A companhia trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia.